quarta-feira, 20 de abril de 2011

As estratégias de repressão ao movimento grevista pelo Governo neocarlista na Bahia

As estratégias de repressão ao movimento grevista pelo Governo neocarlista na Bahia

José Rubens Mascarenhas de Almeida*
“Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois”
Beto Guedes

Na última reunião entre o Fórum das AD´s, os Comandos de Greve (docente e discente) e técnico-administrativos com o Governo Wagner, revelaram, mais uma vez, as táticas governistas contra aqueles que lutam pela educação. Seus mecanismos repressivos saltam aos olhos de todos os que viveram truculências que alguns pensavam terem sido sepultadas com o velho ACM. Morreu ACM, mas o carlismo não. Explicitemo-nos.
Primeiro: Contínua “enrolação”. O Governo Wagner, desde a sua eleição, posterga, deliberadamente, qualquer desfecho de negociação com os docentes. Mais uma vez não tem resposta às demandas dos professores e agora diz só negociar caso estes não estejam em greve. Para espanto dos desavisados, o neocarlismo petista nem se preocupou em mudar o jargão do carlismo que lhe inspira, mostrando-se fiel representante que é da burguesia mais tradicional no Estado. Ora, quem não se lembra que esse era o velho lema carlista, desde as primeiras greves dos docentes da UESB? Fato é que não tem proposta e, desde o “reinício do diálogo” ameaça, peremptoriamente, não retirar a cláusula que busca amordaçar a categoria docente de qualquer manifestação por reajuste salarial até 2015, mesmo quando o Estado mais rico do Nordeste paga o 2º pior salário da região. Uma das consequências de tal quadro é a contínua saída de professores qualificados para outras instituições. O que pretende o governo baiano com o sucateamento das universidades públicas? Enfraquecê-las com o fito de favorecer seus correligionários empresários da educação privada?
Segundo: Arrocho e autoritarismo. Desde seu primeiro mandato, o neocarlismo impôs consecutivos decretos às universidades estaduais, atacando sua autonomia, promovendo cortes em seu orçamento e de direitos docentes já resguardados pelo Estatuto do Magistério.
Terceiro: Intervenção e cooptação de professores ex-sindicalistas que se retorciam contra a intervencionista e abominável 7176-97, hoje serviçais colaboradores da interferência nas universidades através do mesmo instrumento, visando esfacelá-las.
Quarto: Descredenciamento. O governo busca descredenciar o Movimento docente e discente quando diz já estar negociando com os reitores. A tática neocarlista do governo e de sua base aliada (PT, PP, PDT, PCdoB, PSL, PRB, PTdoB, PSB e PV) é tirar das categorias docente e discente (EM GREVE) a representação nas negociações, pondo, em seu lugar, os reitores, atuais gestores da precarização da ensino superior que o neocarlismo lhes impõe e que ora batem à sua porta com um pires na mão, rogando as migalhas que, capciosamente, contra-oferece o governo. A intenção deste é impor uma negociação a varejo, à revelia dos interesses das três categorias que compõem a comunidade universitária. Mas, quem escolheu os reitores representantes das categorias universitárias?
Quinto: Chantagem como controle. Tendo os reitores à mão, o governo petista reedita a tradição carlista da chantagem. No passado, o carlismo controlava, institucionalmente, seus correligionários a partir da aprovação – ou não – de suas contas. Hoje, o neocarlismo petista e sua base aliada estabelecem só negociar as migalhas que oferece apenas com as reitorias de três das quatro universidades baianas que não têm “problemas” de prestação de contas (referindo-se às irregularidades nas contas no reitorado anterior). O objetivo dessa chantagem é minar a relação entre as universidades estaduais, separando as suas lutas conjuntas por meio de uma lógica simplista entre “problemáticas” e “não problemáticas”. O princípio é dividir para mais fácil sucatear. No contexto, a UESB ficaria de fora.
Mas, a História não pode ser sequestrada! É público e notório (vide Relatórios da Auditoria Geral do Estado – AGE, dos anos 2003 e 2008) que as contas da reitoria anterior – como as do ex-reitor e ex-líder do governo no mandato passado – apresentavam escabrosas irregularidades, fato não impeditivo de sua aprovação pelo CONSAD (Conselho Nacional dos Secretários de Estado da Administração – Bahia), famigerado instrumento de ataque à autonomia universitária. Nessa conjunção, a informação do Secretário de Educação é muito séria e implica denúncias que envolvem desvio de ética, malversação, improbidade e, agora, conivência do Estado. Se tais contas tinham “problemas”, esses devem vir à tona, pois que se trata de recursos públicos e à sociedade interessa. Se havia irregularidades, por que o Estado aprovou tais contas? Que negociação extramuros universidade foi entabulada entre governo e ex-reitores para que fossem aprovadas? O que esteve e está em jogo? Tal declaração impõe uma sindicância que ponha no banco dos réus ex-reitores e o próprio Estado.
A informação do Secretário interessa por demais à sociedade baiana e deve ser esclarecida, pois traz à tona temas outrora denunciados e que ficaram “hibernando” nos gabinetes políticos. O que dizem nos “corredores da política” é que tais contas viraram moeda de espúrias negociações político-partidária no mercado estabelecido entre gestores da UESB e Governo Estadual. Boato ou não, hoje tal processo produziu docentes de paletós com livre trânsito no Palácio de Ondina, serviçais e tarefeiros, coniventes com o desmonte da educação pública na Bahia (quem se dispuser a fazer um percurso pela Educação – em todos os níveis – constatará). E se vivemos, efetivamente, num Estado de Direito e se o CONSAD aprovou contas irregulares, tanto seus membros quanto os gestores da universidade envolvidos são réus nesse processo e como tais devem ser tratados: suscetíveis aos princípios de apuração, de defesa e punição dos que devem ser punidos. O crime: conivência no desvio do dinheiro público. Assim, diante do exposto pelo Secretário, uma ação civil pública deve ser pauta inconteste, e que desnude a relação Gestores da UESB e Estado, para apurar responsabilidades.

Diante do exposto, cabe-nos, docentes e discentes:

a) Esquivar-se à armadilha neocarlista e de sua base aliada que tenta dividir as universidades estaduais baianas;
b) Rejeitar, intransigentemente, a tentativa do Governo de retirar as categorias docente e discente das negociações;
c) Reiterar que não existe uma pauta de luta interna e outra externa. A pauta é única. Governo do Estado e Reitoria é uma só coisa: co-partícipes do sucateamento imposto à universidade, o que fazem em razão de interesses político-eleitoreiros;
d) Questionar o Fórum dos Reitores sobre a negociação em separado de questões que dizem respeito aos direitos trabalhistas. Chamá-lo à responsabilidade política de seus cargos e que se libertem do chicote e cabresto estatal. Mostrar-lhe que, assim agindo, torna-se cúmplice do sistemático sucateamento da universidade pública e que, caso assuma tal papel, merece o mesmo repúdio que oferecemos e continuaremos a oferecer ao neocarlismo petista e sua base aliada;
e) Forçar a convocação de deputados e professores da UESB aliados do Governo para que respondam por sua colaboração no desmonte da educação pública no Estado;
f) Responder à provocação governista com a radicalização do movimento. Desenvolver a tática de desgaste do governo e de todos os seus colaboradores, mostrando que, quem é amigo do governo depredador dos serviços públicos é inimigo da classe trabalhadora e da sociedade como um todo;
g) Alertar a sociedade em geral sobre os sistemáticos ataques do governo petista aos direitos inalienáveis dos trabalhadores (educação, saúde, previdência etc.), sobre os prejuízos que impõem às atuais e futuras gerações e que acomodar-se a esta situação é apostar no sucateamento dos serviços públicos e viabilizar sua transferência para a iniciativa privada, o que excluirá grande parte da população de seu acesso;
h) Buscar unir todas as categorias dos serviços públicos que sofrem os ataques do governo baiano. Convocar todos os setores a constituir um só movimento, a defender não só a universidade pública, mas a educação pública em geral; a saúde, que suporta a agressão do atual governo; chamar os trabalhadores da segurança, aviltados com salários indignos à profissão e aos riscos a que estão expostos.
Nesse processo, o Decreto 12583/2011 e a cláusula que amordaça a luta dos docentes é apenas o estopim das sistemáticas medidas tomadas pelo governo neocarlista e sua base aliada. A universidade tem sido flagrantemente atacada em sua autonomia, enquanto antigos sindicalistas que tanto combateram a Lei 7176/97, agora no governo, fazem “vista grossa” a um aparelho criado por ela, o CONSAD. Repudiemos o desrespeito ao Estatuto do Magistério, deliberadamente “rasgado” pelo governo, coisa que o carlismo tradicional pensaria duas vezes antes de fazer, por que não tinha o apoio da categoria docente. Agora, o governo conta com professores, sindicalistas e profissionais do sistema público que conhecem a estrutura e que, ao assumir cargos, mudaram de lado e estão bem confortáveis com os altos salários de suas novas funções e esqueceram-se da Universidade Pública e de todas as lutas históricas das universidades baianas. Na última greve, o instantâneo corte de salários, instrumento que contradiz o Estado de Direito foi o mecanismo terrorista utilizado pelo Governo Wagner, como forma de entravar a luta dos trabalhadores contra esse estado de coisas. Será que apelará novamente para o terrorismo do Estado burguês? Caso sim vamos resistir e lutar intensamente contra mais esse abuso de poder: na justiça, nas ruas, em qualquer espaço, denunciando para o país inteiro a reedição do coronelismo baiano hoje representado pelo governo petista e sua base aliada. Não temos dúvida de que, ou tomamos o momento histórico pelas mãos, ou, dentro de poucos anos, não teremos educação, saúde, previdência públicas para a nossa geração e para as gerações vindouras.

Defendamos uma universidade pública forte, socialmente referenciada, gratuita, emancipatória e respeitada em sua autonomia.

*Professor  da UESB - DH

Aprendizes de feiticeiros: O Neocarlismo (PT, PMDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB…), a Educação e a crise das Universidades no Estado da Bahia

Aprendizes de feiticeiros: O Neocarlismo (PT, PMDB, DEM, PSB, PDT, PCdoB…), a Educação e a crise das Universidades no Estado da Bahia

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva*

Após cinco anos, o des-governo na Bahia começa de forma exponencial a demonstrar o seu fracasso. A chamada revolução ética, política e partidária prometida deu lugar ao caos (real) das políticas sociais. Sonhos, esperanças e confiança da população, expressos nos 60% de votos, se esvaem em ações de um governo corporativo destinado apenas a beneficiar uma minoria, não conseguindo, portanto, redimir a Bahia das décadas de atraso, do coronelismo político e da falsa promessa de desenvolvimento econômico e social para o Estado. O terror dos apadrinhamentos vence as esperanças; a confiança dá lugar ao medo; as ameaças superam o diálogo e as ingerências administrativas dão a tônica no serviço público. As chamadas “negociações democráticas” representam apenas a face mais perversa de um governo maniqueísta, no qual apenas suas “verdades” e vontades é que devem, por fim, prevalecer.

Com práticas semelhantes aos governos anteriores, o governo atual da Bahia, encabeçado pelo partido que antes representava os trabalhadores, demonstrou a que veio: recuperando práticas ardilosas, através de compra de cargos, tentativa de manipulação e compra da imprensa, trocou uma elite dirigente por outra que revela suas matrizes teóricas e práticas administrativas e políticas caudatárias na mesma referência do “carlismo”, outrora representado pelo PFL e sua caravana denominada o eixo do ¨mal¨.

O governo, eleito sob a égide da oposição, tem tomado atitudes que vão contra tudo aquilo que ele apregoou durante a campanha eleitoral. Do mais esclarecido ao mais simplório dos eleitores já lhe é possível constatar que estamos vivendo a era política do Neocarlismo, na qual o assistencialismo barato, associado à ignorância e à esperteza, “na calada da noite”, vende as estradas federais do estado, desmonta a cúpula da polícia, leiloa os cargos de governo, fragmenta as secretarias de governo e, por fim, sucateia a educação baiana. Aprendizes de feiticeiros, o governo Jacques Wagner, e suas coligações atuais, representam uma corrente que, outrora, combatentes do eixo do mal, hoje agem como sua imagem e semelhança.

Especificamente em relação à educação, o estado da Bahia representa o que de pior podemos esperar em indicadores avaliativos. Se outrora culpavam os “feiticeiros” (ACM e os governos posteriores), hoje não podem mais se esconder na denominada herança do passado. O momento presente insiste em demonstrar a toda a sociedade que o governo que aí está também não demonstra compromisso com a educação baiana.

Os professores e estudantes das universidades estaduais da Bahia, atentos a todo esse processo, nas últimas semanas, têm ocupado as ruas, praças e os espaços públicos para denunciar e alertar a população sobre o caos da educação superior no estado da Bahia.

Protestam contra decisões recentes do governo Jaques Wagner em retirar a autonomia das universidades estaduais baianas, através de decretos de contingenciamento. Só para esse ano, o governo baiano anunciou o corte de mais de R$ 1 bilhão no orçamento com reflexo direto nas universidades, onde estabeleceu o repasse de apenas 40% o seu orçamento até o mês de outubro.

Tal medida afeta drasticamente a contratação de novos professores, provocando o cancelamento de várias disciplinas, impede e dificulta a qualificação e a progressão na carreira dos docentes e também impossibilita a expansão das universidades, pois inibe a criação de novos cursos, a melhoria dos que já existem, a compra de livros e equipamentos eletrônicos de uso da comunidade acadêmica bem como, por fim, inviabiliza parte das atividades diárias de manutenção das universidades.

Quanto ao reajuste salarial dos docentes das universidades baianas, apesar de ser o segundo pior do nordeste, o governo apresentou na mesa chamada de negociação (que poderíamos chamar de mesa de tapeação, enganação, enrolação…) cláusulas que levariam a um congelamento dos salários por mais três anos.

Por fim, lamentamos que docentes, que outrora serraram fileiras na luta por uma educação de qualidade na Bahia, tenham sido cooptados por cargos no governo e tenham abandonado a luta pela ampliação do acesso, da permanência e da qualidade na educação superior do estado da Bahia. Lamentamos que aqueles que antes criticavam os “feiticeiros” quando estavam na oposição, na verdade se tornaram ótimos aprendizes e repetem seus feitos com o cinismo próprio de quem supera seus mestres.

Diante desses fatos, os docentes e discentes das universidades não poderiam ficar calados, pois, é fato que, nos últimos anos, os baixos salários e as precárias condições de trabalho, tem levado as universidades estaduais a perderem muitos de seus docentes qualificados para outras instituições de ensino superior (e inclusive também de nível técnico!). A greve, sabemos, deve ser o último recurso a ser utilizado. Mas, parafraseando o grande Martin L. King, ela também é o instrumento daqueles que não são ouvidos. E os docentes e discentes das universidades baianas têm “gritado” muito nos últimos quatro anos e não foram ouvidos, sendo necessário, então, o uso desse último recurso.

Estamos em greve! E conclamamos a que a população deste Estado, que sempre soube dar respostas as crises e desmandos, assuma a bandeira da Educação Pública de Qualidade para a Bahia, requerendo para si e para suas gerações futuras uma Bahia diferente, democrática e que pertença, de verdade, a todos nós.

* Reginaldo de Souza Silva, Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESB.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma escola diferente

Dionata Luis Plens da Luz, educando da turma que foi destaque no ENEN, Hoje estuda na Universidade Federal da Fronteira Sul. 

A luta por soberania popular na sociedade contemporânea vem ultrapassando barreiras e massificando as pequenas ferramentas a favor do processo de uma sociedade igualitária. No ramo da educação sobressai à escola Semente da Conquista ao conquistar um feito inédito, obteve a melhor nota do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) em 2009 na sua cidade.

A escola Semente da conquista é mais do que uma simples escola, nela temos acréscimo de conhecimento, pois estudamos coisas que outras não adotam como a vida social do ser humano, e sua perversidade com a exploração dele mesmo. Mas isso é só uma parte, fazemos das pequenas coisas grandes simbologias, não se senta vendo a nuca do colega senta-se em circulo aonde todos possam se interagir cara a cara proporcionando um grupo de estudo com muita dinâmica, diversão e trabalho.

Também tenho orgulho de estudar e saber que essa escola foi conquistada com muito luta, força e dedicação do povo organizado pelo MST, mais precisamente nossos pais. Nessa escola a própria comunidade decide quem será a direção e os docentes, ambos prioritariamente dos assentamentos.

Nossa escola não serve para ser um formador de pessoas para o mercado de trabalho, ao contrário é um formador de seres humanos competentes que entendam a sociedade e abraçam a causa dos oprimidos, dos pobres e marginalizados.

Existem pessoas que criticam a escola, alegando adotar um estudo muito político e deixando em segundo plano os estudos que outras escolas aplicam, mas isso não é verdade. Apesar de ser uma escola com pouca infra-estrutura, poucos livros, materiais didáticos chegando atrasados, temos uma formação cientifica tão boa quanto outras escolas, além de uma formação política de cunho socialista e transformador, de luta social e organização coletiva. Exemplo disso foi o resultado do ENEM 2009 quando a

Semente da Conquista tirou a melhor nota no ranking das escolas participantes da sua cidade.

Somos dedicados, e somos merecedor desta colocação, não precisamos atacar ninguém, mostramos através dos resultados, não somos um grupo fechado, nossas ideologias sempre são socializadas, como diz o provérbio popular ‘conversando e gente se entende’ ninguém chega com uma idéia pronta, tudo é discutido e posteriormente aplicado.

Estamos convictos que é uma longa caminha e isso é só o começo, creio que teremos muitas conquistas pela frente se trabalharmos juntos e unidos a favor da uma formação galgada nos pilares da justiça social e dos valores humanistas e socialistas.

Motivo de Orgulho Patrícia Lavratti, educada pela Escola, agora vai iniciar o curso de Historia.

A escola semente da Conquista se define uma escola dinâmica porque todas as decisões são construídas por todas as pessoas que participam do conjunto escolar. Dentre elas estão os pais, professores, direção da escola (que é composta pela por uma coordenadora e uma assistente pedagógica), direção do MST e, principalmente, os educandos. Assim, as “regras` para um bom funcionamento da escola são construídas por todos e elas não são impostas, de maneira que é mais fácil de serem compridas pelos educandos porque eles mesmos as ajudam a construir. Dessa forma, todos podem expor suas idéias para melhorar os pontos que se encontram em dificuldades e garantir um bom funcionamento escolar durante todo o ano.

Essa escola se diferencia das outras que se encontram aqui em Abelardo Luz porque, além de ensinar os conteúdos do currículo escolar, inclui junto matérias que ensinam os educandos que querem permanecer no campo. Por exemplo: como manejar um solo protegendo-o e tendo bons resultados para uma boa colheita. Isso pode ser comprovado pela nota do ENEM por que a prova exige conhecimentos gerais. Assim, os alunos chegam mais preparados para a prova.

Esse ensino ele não é pago como os cursinhos preparatórios que têm disponíveis nos centros urbanos que só os educandos de melhores condições financeiras podem fazer. Isso é feito pra que todos possam ter as mesmas oportunidades não havendo exclusões, dessa forma todos podem ter um futuro mais digno e de grande sucesso profissional.

Provando assim que o ensino da escola não é fraco como é comentada pelas pessoas que são contra a organização do MST e das escolas de Assentamento. Isso é para mostrar que tem professores qualificados como em qualquer outra escola de centros urbanos. Nossa escola se diferencia também pela aproximação dos professores e educandos, porque não há diferenciação de um para outro só porque um tem ensino superior. Todos são tratados de forma igual.

Estudar em uma escola com todos esses potenciais e todas essas qualidades é motivo de orgulho para todos os educandos e para todos os educadores que se dedicam para que isso aconteça. A prova desse esforço é a melhor nota do ENEM, que serve de motivação para continuar aperfeiçoando ainda mais os conteúdos do currículo escolar. É uma prova que vale apena todo o esforço que é feito em ambas as partes.

Jose Ronaldo è Graduado em pedagogia pela UFES e,Especialista em EJA pela UFSC,e militante social

Escola Semente da Conquista: A boa colheita da Pedagogia do MST

Por José Ronaldo – abril de 2011

Assentamento 25 de Maio, Santa Catarina, Brasil. A escola do MST, com pouco mais de 100 alunos dos 23 assentamentos do município de Abelardo Luz (SC), foi reconhecida como a melhor escola do município em exame aplicado pelo governo federal do Brasil

A Escola do MST “Semente da Conquista” colheu seus frutos: foi reconhecida como a melhor escola do município de Abelardo Luz, em Santa Catarina. A escola, que educa pouco mais de cem alunos dos 23 assentamentos do município com maior número de famílias assentadas do estado (1.418), foi destaque em 2009 no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), aplicado pelo governo federal e etapa importante para ingressar nas universidades do Brasil. Um exemplo de que uma educação diferenciada e autonoma, construída com outros princípios que não a formação dos alunos para um mercado de trabalho competitivo (e urbano), pode obter bom desempenho inclusive segundo os padrões de avaliação do modelo hegemônico. A escola aplica um método alternativo de ensino, a Pedagogia da Terra.

O que segue é o relato de um professor e de dois alunos da “Semente da Conquista”. Eles nos contam como essa escola levantada no assentamento 25 de Maio difere das demais escolas do município e o que representou para eles esse êxito em um exame de referência nacional.

Escola Semente da Conquista: uma realidade escondida pela mídia. Robison Risso, professor na Escola de Ensino Médio Semente da Conquista a 3 anos, estudante do curso de Licenciatura em Educação do Campo – parceria ITERRA/UnB e Militante do MST desde a Adolescência

A Escola de Ensino Médio Semente da Conquista, como o próprio nome já sugere, é fruto da luta pela terra no município de Abelardo Luz, onde as famílias Sem Terra, de origem de varias regiões do Sul do País, deixaram de aceitar a situação de exploração e acomodação para serem protagonistas da historia e conquistarem um pedaço de chão para não somente dar o sustento a seus filhos, mas para construírem uma vida digna e ter seu espaço dentro da sociedade.

Para construir essa história, não bastava apenas a conquista da tão sonhada terra, mas também era preciso buscar outras questões de necessidade real e imediata, entre elas é a escola.

É nessa pedagogia, que a E.E.M. Semente da Conquista sempre teve sua base, respeitando o princípio do respeito pelos conhecimentos populares e disponibilizando aos educandos as ferramentas cientificas, para que ampliem a sua visão sobre a realidade em que vivem e possam sentir orgulho em afirmar que são camponeses. Essa busca pela construção do ser humano exige a saída das quatro paredes da escola convencional e a entrada no mundo real, pois, de nada adianta se deter ao livro didático, se o mesmo está descontextualizado e falando de uma realidade totalmente estranha aos olhos dos educandos. A base de todo o conhecimento é a vida concreta, é preciso banhar todo o estudo sempre com o que realmente interessa aos educandos, mas é claro não deixando de oferecer a eles os conhecimentos construídos historicamente pela humanidade.

Em nossa escola, os educandos não são espectadores, que estão ali esperando que um “ser iluminado” derrame em suas cabeças uma Avalanche de informações que precisem decorar e repetir em uma prova de avaliação, mas sim, eles que são o motivo da existência da escola, tem espaço para criticar, propor, avaliar e construir junto aos educadores e coordenação a educação de qualidade. Assim, acreditamos que quando os educandos se sentem parte da escola, podendo até mesmo decidir sobre as questões importantes de organização do ambiente escolar e do processo de ensino-aprendizagem, já estão realizando um exercício que servirá mais tarde para a sua vida social e também passam a sentir-se atores de construção deste espaço.

Sonhar é preciso, mas para conquistar esse sonho é preciso manter os pés no chão. Assim vamos construindo a cada dia a escola diferente, tendo claro de que esse lugar (chão da escola) é permeado por contradições do cotidiano, que precisam ser potencializadas e transformadas em motivadores naturais, para que se desencadeiem estudos ampliados, saindo da caixinha do padrão da escola convencional.

Temos a clareza de que vivemos em uma sociedade capitalista que estimula competição e o individualismo, valores que conduzem para a desigualdade e a injustiça, por isso, enfatizamos sempre a necessidade de construir relações, que estimulem a cooperação e o trabalho coletivo, não somente na escola, mas nos espaços de vivencia que os educandos frequentam.

Mesmo que tenhamos uma visão diferenciada sobre educação, ainda estamos presos a questões institucionais, afinal dentro da estrutura educacional no país, a nota é o que seleciona as oportunidades de estudo dentro do ensino superior. Desse modo não podemos deixar também de contribuir para que nossos educandos possam ter acesso ás Universidades de qualidade e uma das formas atualmente de acesso a esse espaço é o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Por isso todos os anos a escola busca planejar e executar um trabalho pedagógico diferenciado em função da preparação dos educandos para a realização desta prova. Felizmente em 2009, fruto de um trabalho coletivo e de esforço de todos dentro da escola, conquistamos um ótimo resultado, obtendo a melhor nota do município e ficando entre as melhores da região oeste de Santa Catarina.

É preciso ressaltar não a nota obtida, mas o fato de que a E.E.M. Semente da Conquista, uma escola do Movimento Sem Terra, que conta com mínimos recursos, estrutura física limitada, ficou a frente de escola particulares, que contam com todo o recurso que precisam, mas que não estão preocupados muitas vezes com o ser humano que estão formando. Enche-nos de orgulho fazer parte desse projeto e hoje poder ver muitos daqueles educandos que ajudamos a formar, frequentando um espaço que muitas vezes é negado a classe trabalhadora, a Universidade.

Para finalizar, não poderia deixar de registrar nossa indignação com a mídia capitalista, afinal não fizeram a mínima questão de divulgar essa conquista das famílias assentadas. Por que será que a classe capitalista/burguesa tem tanto medo da evolução da educação dentro da classe trabalhadora? Por que não querem que a sociedade em geral conheça a verdade do nosso projeto de educação? O que dentro da pedagogia do MST assusta tanto a elite? Essas são questões que ficam como pano de fundo nessa história, que continua e sempre continuará até que conquistemos a transformação social que buscamos em nosso dia-a-dia.

Jose Ronaldo è Graduado em pedagogia pela UFES e,Especialista em EJA pela UFSC,e militante social

sexta-feira, 15 de abril de 2011

INFORMATIVO EDUCAVALE 003-2011 - COORDENADOR DO EDUCAVALE É ELEITO VICE-PRESIDENTE DA UNDIME/BA

sexta-feira, 15 de abril de 2011


COORDENADOR DO EDUCAVALE É ELEITO VICE-PRESIDENTE DA UNDIME/BA

Vice-presidente Renê Silva, Secretário de Educação de Planaltino, ao lado do Prof. Luiz Valter, Secretário de Camaçari e Presidente reeleito da UNDIME Bahia - União fortalece a entidade

O Secretário de Educação do Município de Planaltino, e também Coordenador do Fórum de Secretários de Educação dos Municípios do Vale do Jiquiriçá (EDUCAVALE), foi eleito vice-presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME/BA). A eleição foi realizada no último dia 14/04, durante o 14º Fórum Estadual da UNDIME/BA, que aconteceu nos dias 12, 13 e 14 de abril no Auditório da União dos Municípios da Bahia.


Renê Silva, ao lado da Profa. Márcia Lima, Secretária de Educação de Itajuípe, membro da nova diretoria da UNDIME/Bahia




O Secretário Renê Silva, representou o movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", organizado por Secretários de Educação de diversos territórios do Estado. O movimento que ganhou grande força e adesão por conta das proposições apresentadas em uma "Carta Proposta", a ponto de desenhar uma grande vitória contra a atual diretoria da UNDIME/BA, que se colocava como candidatos a reeleição.


Prof. Pedro Filho, Secretário de Jeremoabo e articulador de Pólo



Tamanha a força do movimento, provocou a intervênção equivocada do Governo Estadual através da SERIN e Casa Civil para tentar desmanchar o movimento. Ao final, para evitar um bate chapa que poderia enfraquecer ainda mais a entidade UNDIME, o movimento "Ressignificar" poderou para uma chapa de consenso, desde que suas propostas fossem incorporadas como diretrizes de trabalho da UNDIME/Bahia no período de 2011 a 2012. Além disso, o movimento conquistou a maioria dos cargos da diretoria da UNDIME, ficando com as Secretarias de Comunicação (Alessandro, Secretário de Educação de Brejões) e Articulação Municipal (Kalypsa, Secretária de Educação de Andaraí). O "Ressignificar ficou ainda com dois dos três assentos no Conselho Nacional de Representantes, indicando as Secretárias de Educação dos municípios de Jequié, Profa. Miriam e de Serrinha, Profa. Gelcivânia.
Prof. Renê, e ao lado direito a Profa. Miriam, Secretária de Educação de Jequié, membro do Conselho Nacional de Representantes

Com a ocupação destes espaços e incorporação das propostas, o movimento compreendeu que é possível promover a "ressignificação da UNDIME Bahia", contribuindo para defesa dos interesses municipais e para articulação e fortalecimento dos Pólos Regionais.


Membros da nova diretoria da UNDIME Bahia


Ao lado do presidente Luiz Valter, vice-presidente Renê Silva reafirma compromissos do "Ressignificar" e deixa claro que movimento venho para fortalecer a entidade

Em seu pronunciamento, o Prof. Renê Silva, vice-presidente eleito da UNDIME/BA, deixou claro que o grupo está chegando para somar e contribuir para "ressignificação" da entidade. Agradeceu todos os que acreditaram no movimento, e reforçou a necessidade da participação de todos os secretários. Enfetizou ainda, a importante que o Prof. Valter, presidente reeleito tem dado a entidade, e que o movimento "Ressignificar" chega para contribuir na superação das fragilidades.


SECRETÁRIOS DO EDUCAVALE FORMARAM A MAIOR BANCADA DE PARTICIPAÇÃO DO 14º FÓRUM ESTADUAL DA UNDIME/BA

EDUCAVALE mostra poder de articulação e se torna o território com o maior número de Secretários presentes no evento
Secretários: Edna (Maracás), Arina (Laje) e Renê (Planaltino)

Os Secretários Municipais de Educação do EDUCAVALE (Fórum dos Secretários de Educação dos Municípios do Vale do Jiquiriçá), formaram a maior bancada de participação no 14º Fórum Estadual da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação/Bahia. O evento que aconteceu nos dias 12, 13 e 14 de abril, discutiu diversas temáticas de interesse da educação municipal, e também escolheu a nova Diretoria da UNDIME/BA, para o periodo 2011-2012.
 Neto, Secretário de Nova Itarana e Renê Silva, Secretário de Educação de Planaltino e vice-presidente eleito da UNDIME Bahia.

O movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", iniciado pelo EDUCAVALE e que ganhou força com o apoio e adesão de Secretários de Educação de diversos outros terrotórios, consegui interiorizar a composição da diretoria da UNDIME Bahia. Uma grande vitória para o EDUCAVALE, que consegui emplacar duas vagas na diretoria da UNDIME Bahia, a vice-presidência, com o Secretário de Educação de Planaltino, Prof. Renê Silva, e a Secretaria de Comunicação com o Secretário de Educação de Brejões, Prof. Alessandro.
 Profa. Maria Helena, Secretária de Educação de Ubaíra ao lado do Prof. Renê Silva, vice-presidente eleito da UNDIME Bahia.

Com estas reresentações, e com as parcerias e relações construídas com Secretários de Educação de diversos territórios, o EDUCAVALE assume a responsabilidade de socializar e colocar sua experiência de articulação a serviço de todo o Estado.
Estiveram presentes no Fórum, os Secretários de Educação dos municípios de Planaltino, Maracás, Nova Itarana, Lafaiete Coutinho, Brejões, Jaguaquara, Itaquara, Cravolândia, Santa Inês, Ubaíra, Jiquiriçá, Laje, Castro Alves, Iramaia e Elísio Medrado.


CARTA ABERTA DO VICE-PRESIDENTE ELEITO DA UNDIME BAHIA

Secretário de Educação de Planaltino é eleito vice-presidente da UNDIME/Bahia

"RESSIGNIFICAR A UNDIME", NOSSA HORA CHEGOU


Saudações Educacionais,

O movimento "Ressignificar a UNDIME", que nasceu de uma articulação coletiva entre secretários municipais de educação de diversos territórios do interior do Estado, e que ganhou mais força ainda e apoio nestes dias de realização do 14º Fórum Estadual da UNDIME Bahia, graças as proposições elencadas na "Carta Proposta", vem a público agradecer todo o apoio recebido e compartilhar as vitórias obtidas.
De início é bom relembrar, que o movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", não nasceu de vaidades pessoais e nem simplismente como movimento oposicionista como alguns maldosamente tentaram pontuar. O movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", pelo contrário, nasceu enquanto preocupação de secretários municipais de educação do interior do Estado, que estão aflitos com a falta de articulação da sua representatividade maior, quanto a assistência e defesa dos interesses dos municípios.
Nosso movimento, está pautado principalmente na necessidade de fortalecer a UNDIME/BA. A "Carta Proposta", resultado do diálogo, é o que norteia o movimento. Nela, foram elencadas propostas de diretrizes para atuação da UNDIME/BA nos próximos dois anos. Temos a convicção, que o que está posto na "Carta Proposta", comunga com o desejo de todos os Secretários Municipais.
Daí, termos proposto a discussão de uma nova diretoria para a UNDIME/BA, uma diretoria que tenham as questões elencadas na "Carta Proposta" como diretrizes de trabalho, uma diretoria que tenha verdadeiramente sensibilidade para os problemas enfrentados pela maioria dos municípios baianos, uma diretoria que tenha a capacidade de ampliar o diálogo e a articulação entre os entes federados, as Universidades Públicas e outros parcerios, buscando estabelecer parcerias e participar dos espaços de elaboração das políticas públicas, e que estas parcerias e participação resultem na superação de problemas comuns e melhoria da qualidade da educação pública.
Nestes dois primeiros dias de Fórum, temos conversado com todos os secretários, e percebemos que a grande maioria aderiu ao movimento. Ontem, as lideranças do movimento e a atual diretoria da UNDIME, que se coloca para reeleição, estiveram reunidos por 6 horas, discutindo a possibilidade de consenso para composição de uma chapa única que fortaleça a instituição UNDIME, que é o nosso maior objetivo. Chegamos ao entendimento que um bate chapa poderia causar um racha e um enfraquecimento maior ainda da entidade. Confeçamos que o diálogo não foi fácil, mas acreditamos que o entendimento a que chegamos foi o melhor para a entidade UNDIME.
Para além de cargos ou nomes na diretoria, pautamos as discussões pelas proposições da "Carta Proposta", para que estas se tornem diretrizes, e que com isso, o movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", com participação direta na nova diretoria, contribua para efetivação destas diretrizes.
Neste sentido, discutimos a ocupação de cargos estratégios para materialização de nossas propostas. Ficamos com a Vice-Presidência, as Secretarias de Articulação Municipal e Comunicação, e ainda com a indicação de dois representantes para compor o Conselho Nacional de Representantes. Além da ocupação destes espaços, as proposições da "Carta Proposta" serão imcorporadas como diretrizes que norteará o trabalho da nova diretoria, o que acreditamos ser nossa maior vitória. O movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia", entra no processo para somar de forma efetiva, e todos que acreditaram neste movimento podem ter a certeza que trabalharemos muito para efetivar nossas propostas.
Temos a convicção de que quem ganhou de verdade foi a UNDIME/BA, os Secretários Municipais de Educação, a Educação Pública Municipal, os municípios do interior do Estado, que agora tem efetivamente voz e espaço de participação.
Em nome de todas as lideranças, agradeço todo apoio que o movimento "Ressignificar" tem tido, e destacamos que o movimento apenas iniciou, e que a "ressignificação da UNDIME" começa agora, mas ela só se efetivará se todos tivermos a capacidade de nos mantermos mobilizados e participativos.



Renê Silva
Secretário de Educação do Município de Planaltino
Coordenador do movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia"


DEFINIÇÕES DA UNDIME, COMPOSIÇÃO DE CHAPA FAVORECE INTERIOR

O encontro da União dos Dirigentes Municipais de Educação ( UNDIME) da Bahia, que começou ontem dia 12 de abril e termina amanhã, dia 14, prometia ser animado no debate sobre a Educação do Brasil. Sempre é um encontro representativo pois congrega todos os secretários municipais de Educação do Estado e tira estratégias eficazes para a luta pela Educação Pública.
A novidade ficou por conta da ingerência do governo do Estado, através da secretaria da educação e de outras duas secretarias que foram acionadas pelo secretário Osvaldo Barreto e seu assessor político Clóvis Caribé: a Secretaria de relações Institucionais (SERIN) e a Secretaria da Casa Civil. A secretaria da Educação, no seu objetivo de controlar com mão de ferro as secretarias municipais para impor sem debate o seu PACTO PELA EDUCAÇÃO com os municípios não aceitava que o seu representante, o atual presidente da UNDIME, Luis Valter, deixasse a presidência da entidade. Por isso foi articulada uma operação de guerra que envolveu o próprio Barreto, Clóvis (o Coió), o secretário César Lisboa da SERIN e Eva Schiavon. Houve ligações para todos os secretários com ameaças para que os mesmos deixassem de articular sua chapa RESSIGNIFICAR A UNDIME. Como essa estratégia não deu certo, passaram a pressionar os prefeitos pela desistência de seus secretários, o que gerou coméntários indignados dos participantes do encontro, que identificaram essa prática como "carlista", e que em nada lembrava o discurso de nosso governador Wagner, que sempre apregoou preferir o diálogo em vez do autoritarismo.
417 secretários municipais de Educação, responsáveis pela Educação de mais de 2 milhões de estudantes, com relação com os pais desses alunos, realmente não é um segmento para se indispor com tanta inabilidade... Mas foi isso o que ocorreu. No final do processo houve uma composição da chapa Ressignicar a UNDIME com o atual presidente, sendo que a vice-presidência ficará com Renê Silva que encabeçava a chapa da Ressignificar a UNDIME, sendo que essa chapa ficará com a maioria dos cargos do conjunto da diretoria e praticamente todos as regionais, além do compromisso de Valter apoiar Renê para presidente na próxima eleição.
Quem ganhou? Quem perdeu com esse refrega?
Quem ganhou foi a chapa Ressignificar, que passou todas as suas propostas no encontro e ganhou a maioria dos cargos.
Quem perdeu foi o governo estadual pela inabilidade e trapalhada da secretaria da educação ( mais uma...). Perdeu porque agora os secretários de Educação dos municípios baianos voltam para o interior com uma imagem do governo autoritária e intervencionista, despreocupada com a Educação e apenas se importando com cargos. Se a SERIN e a Casa Civil ficassem calados não se queimariam tanto. Afinal ninguém mais suporta mandonismo e autoritarismo... E a consciência das pessoas ninguém pode proibir ou mudar.
Perdeu a SEC e Barreto, e sua exímia assessoria, pois saiu uma resolução de que a adesão ao PACTO DE OSVALDO será voluntário, sem as pressões que o pessoal da SEC fazia antes. Perdeu a educação baiana, que tem à frente da SEC um pessoal que só faz retroagir a qualidade da Educação ( veja o nosso blog e descubra porque: http://notbahia.zip.net.
Márcia Solter, em 13 de abril de 2001
Fonte: http://notbahia.zip.net/

terça-feira, 12 de abril de 2011


MOVIMENTO "RESSIGNIFICAR A UNDIME" GANHA APOIO DE SECRETÁRIOS DE DIVERSOS TERRITÓRIOS DO ESTADO

 
A cada instante, movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia" ganha mais apoios


Durante a manhã de hoje (12/04), no 14º Fórum Estadual da UNDIME Bahia, que está sendo realizado no Auditório da UPB, em Salvador, o movimento que aponta como presidente para nova diretoria da UNDIME (2011-2012) o Secretário de Educação de Planaltino Renê Silva, que inicialmente já tinha o apoio secretários de educação dos territórios do Vale do Jiquiriçá, Médio Rio de Contas, Sisal, Chapada Diamantina, Vitória da Conquista, Recôncavo Baiano, Cipó, Catu e Juazeiro, vem ampliando seu apoio com secretários de educação das regiões do Baixo Sul, Brumado, Bom Jesus da Lapa, Paulo Afonso, entre outros.
Secretários de Educação do movimento "Ressignificar a UNDIME Bahia" estão travando diálogos com todos os secretários presentes no evento.
Estão previstas para o final da tarde de hoje várias reuniões com diferentes territórios para ampliação do apoio e definição de cargos da nova diretoria.
O amplo apoio recebido pelo movimento, se deve sobretudo a "Carta Proposta" constuída coletivamente. A carta aborda questões fundamentais para educação pública municipal, e propõem por meio do fortalecimento dos Pólos regionais da UNDIME no Estado, uma ampla mobilização e diálogo entre os entes federados, para buscar a solução dos problemas.
A eleição para a nova diretoria da UNDIME Bahia, acontece na manhã do próximo dia 14. Todos os secretários municipais de educação que estiverem adimplentes com a entidade podem votar e ser votado.
Fonte: EDUCAVALE


14º FÓRUM DA UNDIME BAHIA – SECRETÁRIOS INICIAM CAMPANHA PARA "RESSIGNIFICAR A UNDIME"

 Prefeito Caetano (Camaçari), presidente da UPB faz abertura do evento
Em destaque os secretários: Neto (Nova Itarana), Joanil (Catu), Mirim (Jequié), Enoc (Wagner) e Orlando (Lafaiete Coutinho), articuladores do movimento "Ressignificar a UNDIME"

Teve início na manhã de hoje (12/04), no Auditório da UPB, Salvador, o 14º Fórum Estadual da UNDIME Bahia. O evento que vai até quinta-feira (14), tem na programação discussão do Plano Nacional de Educação, Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental, PROINFÂNCIA, Gestão Democrática, Censo Escolar, Plano de Ações Articuladas e Eleição para nova diretoria da UNDIME.
Os secretários de educação do EDUCAVALE em parceria com secretários de diversos territórios (Sisal, Chapada Diamantina, Vioria da Conqusita, Cipó, Catu, Médio Rio de Contas, Recôncavo Baiano, Brumado, Bom Jesus da Lapa, Baixo Sul, Itabuna, etc), iniciaram a articulação para garantir a vitória da chapa "Ressignificar a UNDIME Bahia". As conversas tem sido sobre a "Carta Proposta" que vem sendo construída coletivamente pelos Secretários.
Fonte: EDUCAVALE




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Renê Silva
Coordenador Executivo do EDUCAVALE
Secretário Municipal de Educação de Planaltino/Ba
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Maristela Amaral Ribeiro
Vice-Coordenadora Executiva do EDUCAVALE
Secretária Municipal de Educação de Jaguaquara/Ba
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Edna Souza Leal Fontes
Secretária do EDUCAVALE
Secretária Municipal de Educação de Maracás/Ba
Telefax: (73) 3533-2080/2121/2115

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre: Entrega de Trabalhos e Greve da UESB

Prezados alunos,

 

Comunicamos que o Comando de Greve suspendeu qualquer atividade relativa à sala de aula. Sendo assim, estão suspensas as aulas do Curso de Especialização em Fundamentos Sociais e Políticos da Educação como também os Grupos de Estudos e Pesquisa do Museu Pedagógico.


Por favor, aguardem um novo comunicado.

 

Atenciosamente,

 

Daniella de Almeida Carvalho

P/ Coordenação do Curso


Prezad@s discentes,

Em tempo, avisamos que ficam mantidos os prazos de entrega dos trabalhos das disciplinas já ministradas.


Os mesmos podem ser enviados via email até o dia 15/04/2011.


Att.

A Coordenação

MOÇÃO DE REPÚDIO DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UESB CONTRA O GOVERNADOR JAQUES WAGNER

O Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, reunido no dia 21 de março de 2011, manifesta seu veemente repúdio ao Governador do Estado da Bahia, Sr. Jaques Wagner, cuja política para o ensino superior intensifica o processo de sucateamento da UESB e das demais universidades estaduais baianas. Isto pode ser comprovado pela publicação do DECRETO Nº 12.583 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2011 e da PORTARIA CONJUNTA SAEB/SEFAZ/SEPLAN Nº 001 DE 22 DE FEVEREIRO DE 2011, que estabelecem procedimentos específicos para a execução do orçamento do Estado da Bahia para o ano de 2011 e cujo resultado prático, no ensino superior estadual, é o contingenciamento dos insuficientes recursos destinados às universidades estaduais baianas, o desrespeito à autonomia universitária dessas instituições e a direitos previstos na carreira docente. Tais medidas do Governo Wagner acentuam, ainda mais, as dificuldades existentes para a realização das atividades fins das universidades estaduais baianas. Isto pode ser demonstrado pelos esclarecimentos prestados pela Administração Superior da UESB que, em Assembléia da Associação dos Docentes da UESB – ADUSB, em 09-02-2011, informou a categoria docente que, até outubro do corrente ano, o Governo só liberará 40% do orçamento anual previsto para as quatro universidades estaduais da Bahia. Este fato tende a inviabilizar o desenvolvimento de diversas atividades, conforme se pode observar no quadro de distribuição mensal do recurso para a extensão na UESB em 2011. A situação a que o Governador Jaques Wagner submete as universidades não se justifica. Segundo informações do próprio governo, a Bahia apresentou, em 2010, expressivo crescimento econômico e é o estado mais rico do Nordeste. Assim, fica cada vez mais claro que as recentes ações do Governo Wagner reforçam sua falta de compromisso com o ensino superior estadual e com o desenvolvimento científico e tecnológico da Bahia. Com a publicação DECRETO Nº 12.583 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2011 e da PORTARIA CONJUNTA SAEB/SEFAZ/SEPLAN Nº 001 DE 22 DE FEVEREIRO DE 2011  Wagner instala uma grave crise nas quatro universidades estaduais baianas e inviabiliza, nessas instituições, as condições adequadas para a realização do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.

 

Departamento de História da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Greve na Uesb

Por Ruy Medeiros (*)

A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia encontra-se em greve. Antecedidos pelo movimento de paralisação dos estudantes, os professores resolveram deflagrar greve. Todos agora estão fora das salas de aula.


A greve demorou de ocorrer. Embora indesejada por muitos, em razão dos embaraços que a sucedem, tornou-se inevitável. Quem está fora não percebe coisas graves que comprometem o presente e o futuro da educação e, com isso, as próprias gerações presente e futura.

As universidades baianas vêm sofrendo há muito tempo. Os ataques a sua autonomia são crescentes e o sufocamento de suas atividades sempre esteve na pauta dos últimos governos. E universidade mendiga é universidade sem autonomia. Não se deve esquecer que a lei que criou o CONSAD – Conselho Superior de Administração das Universidades impôs tutela à UESB, UEFS, UESC e UNEB. Houve luta pela sua revogação e gestores atuais foram seus críticos. Uma vez no governo, no entanto: "esqueçam o que eu disse e o que eu escrevi. Participemos da amnésia política". É o oportunismo. É o cinismo. É a falta total de vergonha.

Agora o governo assesta outro golpe profundo nas universidades baianas. É a sangria. Ainda não é o decreto morte porque há estudantes, professores e funcionários cuja luta será compreendida e apoiada pela sociedade. O governo editou o Decreto nº 12.583/11, que não resiste a controle de legalidade: suprime gozo de direitos, proíbe contratações ou concurso de professores, proíbe saída de professores para pós-graduação, garroteia financeiramente cada universidade baiana.

Apesar de proibir contratação (que é feita por seleção) e concurso, o Estado da Bahia não se dispõe a devolver às universidades baianas os professores que cooptou para Secretarias, Cargos Comissionados, etc, alguns dos quais foram "bravos sindicalistas" que certamente acham muito prudente calar e ficar.


O Decreto 12.583/11, atentatório à autonomia universitária agrava a situação das universidades que se encontram sem professores suficientes, carentes de servidores, sem espaços construídos para suas necessidades, faltante de materiais. O arrocho salarial compõe o cenário e não é mero detalhe com o panorama de desvalor sob o qual a educação é tratada.


A greve não é um luxo. É a medida necessária para defender a Universidade. À medida que governos têm sucateado a Universidade Pública, a universidade privada cresce e o direito à educação passa a ser bem mercantil, um não direito nas mãos de grupos que cada vez mais se desnacionalizam.


*Ruy Medeiros é Professor do Curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Advogado.

domingo, 3 de abril de 2011

SECRETÁRIO E DIRETOR DE APOIO PEDAGÓGICO INICIAM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA UESB



O Secretário de Educação Renê Silva e o Diretor de Apoio Pedagógico Marcos Paiva, iniciaram nos últimos dias (17, 18 e 19/03), o primeiro módulo do curso de Pós-Graduação em Fundamentos Sociais e Políticos da Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, campus de Vitória da Conquista.

O curso tem como objetivo possibilitar a continuidade ou complementação da formação para a pesquisa e a reflexão sobre a educação, por meio do estudo e da investigação, considerando a sociedade como depositária de toda a experiência histórico-cultural e do processo educativo como via essencial para a formação das novas gerações em determinado sistema de relações econômicas, sociais e políticas.

O curso pretende aprofundar os fundamentos que sustentam os campos da educação escolar ou não-escolar por meio da organização de uma estrutura curricular que permita aos alunos e aos professores discutirem e problematizarem os conteúdos do curso do ponto de vista disciplinar (núcleo de formação) e inter/transdisciplinar (eixos temáticos). Essa organização do curso deverá possibilitar a elaboração e a execução de um projeto de pesquisa, pelos alunos, conforme as linhas de pesquisa (Oficina e Seminário de Pesquisa) a que se vincularem. No final do curso, esses projetos deverão ser avaliados e apresentados a uma banca examinadora e receber o parecer final dos orientadores.

Neste primeiro módulo, foram discutidos os Fundamentos Sociológicos da Educação com a Profa. Dr. Lívia Diana Rocha Magalhães.
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Renê Silva
Secretário Municipal de Educação
Prefeitura Municipal de Planaltino - Bahia
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A banalização da violência e seus efeitos sobre o comportamento social

07 de Fevereiro de 2011, às 09:30
Por José Ronaldo*

Vivemos, sem exagero, uma permanente "guerra civil", na qual morrem milhares de pessoas. E, o que é mais preocupante, tal escalada de violência acaba por "anestesiar" a sensibilidade social para com a vida humana. Pode-se dizer que, infelizmente, hoje em dia, um homicídio é considerado como algo "normal". E não é normal; a supressão violenta da vida de um ser humano nunca pode ser considerada algo "normal"!

O fato de — cada vez mais — ser impossível pensar "a violência" em termos abstratos — ela está aí e, em suas diversas formas, vai atingindo concretamente a cada um (em incidências que envolvem parentes, amigos e conhecidos...) — convoca a uma urgente reflexão sobre a dignidade da pessoa e sobre o valor da vida humana. Uma reflexão que atinja as raízes tanto da violência como dos próprios fundamentos da dignidade humana .

Verifica-se a existência da aguda situação de violência, principalmente nas regiões da periferia das grandes cidades. Constatam-se casos trágicos: crianças pequenas que, indiferentes à existência de um cadáver num campo de futebol da periferia, jogam bola como se nada tivesse acontecido; cadáver que permanece jogado no meio da rua, com a cabeça dilacerada por projéteis de espingarda "calibre 12", enquanto um cachorro vira-latas espalha seus miolos, passeando com eles na boca, por mais de 100 metros. São situações degradantes, que não podem deixar de chocar. Se não causam mais impacto, algo de errado há.

Desta forma, quero me expressar com a pretensão de problematizar algumas questões polêmicas e que se fazem universais no nosso tempo, na tentativa de entender a banalização da vida e das relações entre os sujeitos sociais. Considero esta discussão umas das peças fundamentais para entender os processos de banalização da violência, das drogas da prostituição e de muitas outras mazelas sociais que gira em torno da sociedade capitalista e que, substancialmente, subjuga as nações aos ditames do neo-colonialismo empresarial e industrial e fundamentalmente da barbarizarão das relações sociais.

A percepção da banalização da barbárie é um processo que sócio-historicamente vários estudiosos e renomados autores já vêm tratando de forma sistemática no conjunto das relações sócio-culturais, alertando a humanidade sobre a decadência das relações sociais e das formas de produção da vida. Em analise feita a muito por Marx, onde o mesmo precisa dos processos de sucateamento e esvaziamento das relações sociais em função das trocas de mercadorias e das relações de caráter financeiro se esforçando na tentativa de explicar a ordem do conflito partindo da lógica dos contrários. Para Marx a sociedade é movida por um processo no qual põem as classes em constantes confrontos e disputas, e estes processos resultam na chamada luta de classes.

No entanto, o fato de existir a contradição não significa que logo vai existir a ideia do conflito. Esta lógica parece ser diferente, se olharmos do ponto de vista de que os processos desumanizantes e aterrorizantes pelos quais passam vários povos em varias partes do mundo e que, no entanto estes povos não encontram força para mudarem as suas condições subjetivas e objetivas de sobrevivência, daí podemos ter o entendimento que os processos de consciência também ajuda a mover as classes e, quando estas classes menos favorecidas e marginalizadas não encontram na sua filosofia de entender as relações sociais,forças para mudarem os rumos de suas vidas,tiramos a seguinte conclusão. A consciência também pode, em certa medida, ser manipulada e usada como arma de manutenção do capitalismo na sua nova configuração.

Esta forma de consciência é resultante do processo de desorganização, social onde a tendência à individualização dos sujeitos é a chave fundamental de manutenção da ordem capitalista, que se consolida sumariamente á medida que os sujeitos deixam de existir enquanto seres coletivos e passam a existir enquanto eu, no mundo. Isso implica diretamente em uma nova configuração de valores sociais e éticos.

Contudo, o que percebemos na realidade é o contrario. As pessoas não mais se preocupam com questões que, em outros tempos, eram consideradas absurdos e inaceitáveis ao consenso social. Não raro, assistimos à banalização da violência em todos os seus sentidos. Grandes guerras com milhares de mortos, utilização de drogas em grande escala por jovens e achamos tudo isso normal.

Pessoas morrem, a cada momento, à nossa volta. Só no Rio de Janeiro, estatísticas demonstram que, a cada 5 minutos, uma pessoa morre, no entanto continuamos nossas vidas achando que não é nada e que esta tudo bem, obrigado. Famílias inteiras no norte e nordeste brasileiro passam fome por falta de alimentos e mais precisamente por falta de água e achamos que a culpa de tudo isso é apenas dos governantes.

Em Iguaí, por exemplo, uma pequena e pacata cidade do interior baiano, a taxa de homicídios é bem maior que de grandes cidades, se comparado em seus aspectos proporcionais, e ainda acreditamos que violência é sinônimo de favela.

Certo que, em grande medida, estes são responsáveis, mas o pior de tudo isso é que a naturalização da barbárie esta sendo construída dentro de nós o tempo todo e o pior disso tudo é que as nossas consciências esta achando isso tudo natural.

Essa soma de egoísmos resulta no bem comum, onde as liberdades individuais é a liberdade predominante e isso pressupõe pensar a sociedade da livre concorrência, onde os fundamentos da palavra liberdade é a ideia de propriedade, isto é, se tenho, logo sou livre. Em outras palavras,aqueles que nada possuem, possuem a si mesmo, seu corpo para ser usado como maquina, como propriedade de alguém por um determinado período. Isso faz da palavra propriedade um direito natural e individual.

Assim ocorre o processo de alienação do ser social, devido ao fato de as relações de produção se fetichizarem deixando os sujeitos estranhos ao seu produto final, sem conseguirem se ver enquanto ser humano naquilo que produz.

Por outro lado deparamos com uma ordem capitalista que nunca está satisfeita com a sua cota de mais valia e que precisa explorar ao extremo as forças produtivas e os sujeitos. Onde, um estado burguês que só pode existir através do consentimento dos indivíduos, alienados ao próprio papel do estado, enquanto mecanismo que prioriza pela manutenção do capital sobre a vida, assegurando a mesa farta e as bonança dos capitalistas.

Para Marx, o problema da cidadania encontra-se dentro da dimensão de subjetividade política alienada, mas seus fundamentos ontológicos devem ser cercados no processo de entificação da sociabilidade baseada na acumulação do capital, cuja força principal é a compra e venda das forças de trabalho.

Deste modo, a única relação que pode existir entre os homens como proprietários de alguma coisa exposta no mercado, de modo que seus interesses são conflitantes. Logo, se interesses de seres individuais e coletivos são conflitantes, uma comunidade de homens é impossível.

Muito antes da crise da civilização ocidental ter ficado patente, o memorável panfleto anunciava: o caráter imperialista do capitalismo é antagônico à sobrevivência da sociedade nacional; a natureza predatória da concorrência econômica é incompatível com a reprodução dos mecanismos responsáveis pela coesão social; as relações monetárias deturpam a personalidade dos indivíduos e solapam os laços familiares; a metamorfose dos ciclos industriais em crises econômicas intermináveis transforma a barbárie em um estado permanente.

A crescente contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e a propriedade privada dos meios de produção, contradição que se expressa pela recorrente negação de trabalho vivo vulnerabiliza a burguesia. A incapacidade do capitalismo de alimentar seus escravos gera um forte sentimento de insatisfação e revolta contra a ordem burguesa. Pode-se abafá-lo, mas não há como suprimi-lo. Por esse motivo, mesmo quando as classes subalternas estão prostradas, o fantasma da revolução social atormenta os donos do poder. As derrotas do proletariado nunca são definitivas.

A emancipação, na perspectiva de Freire, é apropriar-se e experimentar o poder de pronunciar o mundo, a vivência da condição humana de ser protagonista de sua história. Freire nos possibilita um projeto de educação popular que almeja a libertação, humanização e emancipação humana.

Libertação e opressão, porém, não se acham inscritas, uma e outra, na história, como algo inexorável. Da mesma forma a natureza humana, gerando-se na história, não tem inscrita nela o ser mais, a humanização, a não ser como vocação de que o seu contrário é distorção na história... Homens e mulheres, ao longo da história, vimo-nos tornando animais deveras especiais: inventamos a possibilidade de nos libertar na medida em que nos tornamos capazes de nos perceber como seres inconclusos, limitados, condicionados, históricos. Percebendo, sobretudo, também, que a pura percepção da inconclusão, da limitação, da possibilidade, não basta. É preciso juntar a ela a luta política pela transformação do mundo. A libertação dos indivíduos só ganha profunda significação quando se alcança a transformação da sociedade.

Assim, no contexto da sociedade capitalista, há muitos limites ao processo de emancipação humana. Esta emancipação será sempre um processo em construção, um devenir. Nesse sentido, a emancipação humana, no pensamento de Freire, é um vivenciar cotidiano, não um projeto a ser concretizado somente num futuro longínquo, inclusive para ser construído e vivido por outros. Essa educação para a liberdade, essa educação ligada aos direitos humanos nesta perspectiva, tem que ser abrangente, totalizante; ela tem que ver com o conhecimento crítico do real e com a alegria de viver. E não apenas com a rigorosidade da análise de como a sociedade se move, se mexe, caminha, mas ela tem a ver também com a festa que é vida mesma. Mas é preciso fazer isso de forma crítica e não de forma ingênua. Nem aceitar o todo-poderosismo ingênuo de uma educação que faz tudo, nem aceitar a negação da educação como algo que nada faz, mas assumir a educação nas suas limitações e, portanto, fazer o que é possível, historicamente, ser feito com e através, também, da educação.

José Ronaldo é militante do MST, Graduado em Pedagogia da Terra - UFES / Especialista em Educação - UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
ronnybaiano84@yahoo.com.br. http://www.iguaimix.com/opiniao/20100810_mercantilizacao.htm
www.guaimix.com